quarta-feira, 4 de agosto de 2010


Chovia ontem, chovia hoje, chovia Agosto e a janela já cansada de molhar. Com as pontas dos meus dedos toco sua superfície fria, meio receosa, deslizando sobre o vidro embaçado tentando em vão tocar as gotas do outro lado.Chovia.Queria sentir meu rosto molhado, mas daqui de dentro só sentia frio.De quando em quando levantava-me da cama pra ver pessoas passando. Bonitas ou não, alegres ou não... quase sempre ou não.
Faço meu café e entro no estado robotico lembrando que você sempre queria açúcar de mais, e eu gostava de sentir o amargo, e eu dizia com aquele tom na voz, que você odiava -quer algo doce? vá beber cházinho com mel.E você ria, seus dentes ofuscavam minha visão, me pegava a mão me puxava pra perto,forte e certo, dizia algo que eu nunca entendia direito, encostando sua boca quente de amor na minha quente de café. pensava -gosto de dia bom. E Riamos.Cada um pro seu lado e a noite mais café ,dessa vez mais doce pra te deixar feliz.colocava aquela música que você gostava só pra te ver ofuscando meu olhos de novo.
passaram-se chuvas e o café acabou, não fazia mais sentindo colocar açúcar ou não. a musica tocando ao fundo e você caminhando do lado de fora , e eu vendo tudo claro .chovia.chovia Setembro, chovia aos sábados, chovia minha vida.Chovia meus olhos em você toda noite que eu te ligava, implorando pelo calor,sua voz forte e cansada me dizendo pra ter calma, sua voz forte e cansada entrando nos meus ouvidos invadindo minha alma, quebrando algo dentro de mim.Chovia. E noites assim são traiçoeiras. Chovia e eu pedindo pra você trazer de volta uma parte de mim, chovia feio, sem orgulho. O nu da alma chorando minha vida em seus ouvidos, angustiada pedindo minha vontade de volta, angustiada falando do café e a falta que você faz, e eu só conseguia escutar sua respiração , só conseguia escutar sua perda, só conseguia escutar o amor indo embora pela porta, mansinho, morno, quieto pra não acordar ninguém. Chovia saudade por varias noites enquanto eu esperava você.chovia meu grito sufocado no travesseiro, chovia agua quente descendo meu rosto.
Tiraram uma parte de mim, uma parte que eu gostava. Não precisa trazer cafézinho quente, traga apenas você, ofusca os olhos de novo. Ajuda minhas mãos cansadas a abrir a maldita janela. Venha sem receio de me machucar , somente venha.Tira esse negocio aqui do meu peito, esse aperto, essa mastigação do órgão símbolo do amor; símbolo de nada. Mas me ajude a sair daqui, to no fundo cara. Ajoelho e peço desculpas se quiser, prendo minha mão na sua perna , só não vá embora. Eu procuro e mergulho a cada tom da sua voz que me de esperança, a cada palavra que me soar doce.não deixa chover mais...
o sol irá chegar e eu terei que deixar você ir embora, você foi se arrastando e me levando junto com a neblina de Agosto a chuva de Setembro esse sol que não aparece, e essa vontade de ir embora , mas não te largar. E choverá muito em meus olhos a cada pessoa que eu ter a obrigação de contar sobre você , e eu vou disser qualquer coisa sobre sair por cima, e você ter chorado e pedido pra eu voltar, e eu vou saber que é mentira, que por trás dessa mascara toda, estou eu, te ligando, mandando msg, pedindo pelo amor de Deus um pouco de carinho, mendigando seu amor e nada, só recebo café frio, nem bebo mais, nem sinto mais. As vezes sinto, mas logo passa, logo chove.

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