domingo, 30 de outubro de 2011

Sou apenas uma gota a mais no imenso mar de matéria, definida, com a capacidade de perceber minha existência. Entre os milhões, ao nascer eu também era tudo, potencialmente. Eu também fui cerceada, bloqueada, deformada por meu ambiente, pela manifestação da hereditariedade. Eu também arranjarei um conjunto de crenças, de padrões pelos quais viverei, e no entanto a própria satisfação de encontrá-los será manchada pelo fato de que terei atingido o ápice em matéria de vida superficial, bidimensional – um conjunto de valores.
Meus Deus, a vida é solidão, apesar de todos os opiáceos, apesar do falso brilho das “festas” alegres sem propósito algum, apesar dos falsos semblantes sorridentes que todos ostentamos. E quando você finalmente encontra uma pessoa com quem sente poder abrir a alma, para chocada com as palavras pronunciadas – são tão ásperas, tão feias, tão desprovidas de significado e tão débeis, por terem ficado presas no pequeno quarto escuro dentro da gente durante tanto tempo. Sim, há alegria, realização e companheirismo – mas a solidão da alma, em sua autoconsciência medonha, é horrível e predominante.

 Sylvia Plath

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Se minhas palavras já não são expressão mais clara de mim, o que me resta?
Agora tudo o que penso, passa por um filtro gigantesco o qual não deixa mais nada escapar, e esse nada se acumula em mim.Tenho que vomitar.Nas primeiras tentativas me saem as incertezas, depois as inseguranças e por fim todos os medos.Voltam segundos depois, arranhando cada vez mais minha garganta.Sinto-me fraca e pesada, ninguém me aguenta no colo. E quando me deprimo sinto que tenho um enchaixe perfeito para um colo. Não acho.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Não tem sol,mas tem soninho

Já não vem as palavras tão pouco poema, numa rede quentinha é que eu queria deitar
Eu corro apressada e rápido me encolho
Mas hoje é segunda não tem estrelas,cantiga ou música de mimar
No meu quarto escuro eu quase a ouço
É pra menina da flor que eu queria cantar

Já é tarde demais e a cama a chama
Esquento o gelo para que a noite a acolha
Sinto que da sua mão serei obrigada a soltar
Mas se tudo isso valeu um sonho seu
É o princípio de adeus que eu venho lhe dar

Nem carro,nem amor na rua
Realmente, é hora de apagar.



Para Hanita, breguinha mas é de coração.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Esse sol e esse céu andam tão diferentes, você não acha? Mas olho em volta e você continua o mesmo.Parado no mesmo lugar o qual te abandonaram, penso que se continuarmos assim ficaremos parados juntos.
Olhe de novo para o céu,coração, você não acha que essas nuvens estão estranhamente engraçadas hoje?Ou será que é esse seu perfume me entorpecendo?
Queria que dessa vez fosse diferente, e que não fosse preciso esse enorme discurso e esse enorme esforço.Coração, você ainda me escuta?é que tudo isso tinha que ser natural, talvez a gente esteja fazendo algo de errado.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

dor e aconchego

Rebecca Dautremer

Paredes sujas e um par de pés descalço,é a imagem que não saí da minha memória.
Perdi-me no imaginário da febre alta.Procuro imediatamente um ponto o qual eu consiga me apoiar, mas esse chão e essas paredes são feitas de pó.
Só me resta admirar esse teto, sem estrelas e sem nuvens, é apenas uma camada de concreto que a qualquer hora pode desmoronar. Tenho tanto medo que isso também caia, tenho tanto medo que isso doa.Mas as janelas pernamecem fixas.
O anseio de me apoiar a beirada e seguir os pedidos de ir pro chão é grande, se eu continuar olhando para baixo é só uma questão de tempo para o meu corpo ir também.
Não escuto mais nada.Hoje, fazem 5 dias que não ouço ninguém. Quem parou de falar? quem deixou de ouvir? talvez não caiba a mim entender.
A única coisa que eu conheço bem,é minha cama funda. Lá, eu jogo todos os traumas e dores, é a única coisa que tem me acolhido.É o único ser que me abraça sem depositar esperança alguma sobre mim. É o único ser que sabe quantas vezes eu já me degradei, mas isso não faz diferença alguma.
Aquela janela tem me chamado há dias,evito olhá-la. Talvez, se algo não me prendesse os pés com tanta força nessa cama, nossa relação seria melhor.Ela, traiçoeira diz-me que quer me mostrar paisagens, mas quando vejo não há nada. Há pessoas mortas por dentro andando bonitas na rua, vejo animais perdidos dentro de si e carros e mais carros num chão cor de breu. Mas é que daqui desse andar o chão cor de breu me parece tão calmo e silencioso, é como se me acolhesse como ninguém.Ele me chama.Quero tanto ir ao seu encontro.


Texto inspirado num trecho escrito por Cláudia Soares "Tinha muito medo de altura, mas, pela primeira vez, aquele medo parecia não importar.Continuava olhando pela janela do quinto andar com um único pensamento:"O que aconteceria depois que eu pulasse?""

sexta-feira, 7 de outubro de 2011



"(...)E eis que com dezesseis anos e oito meses apenas, pressenti que viriam outros equívocos: enraizar o amor que de repente não é mais amor, é luxúria, lúxuria que de repente não é mais luxúria, é farsa. Farsa que é medo, simplesmente medo da solidão mais difícil de suportar do que o peso do corpo alheio a se abater sobre o meu."

O meu amor não comeve ninguém

O que sinto entre a divisão da carne e osso, deveria ser universal.Se o que sinto hoje não for amor, pouco importa,denominarei assim até sentir que algo estremeceu minha alma com mais vigorozidade.
Engraçado falar sobre amor, quando descobrir finalmente o que é amar? se pra mim o amor vem no gesto delicado de minha mãe, no sorriso gratuito daquela criança, na palpitação que sinto ao ouvir a voz daquele rapaz. Mas como eu poderia afirmar que isso é amor?Eu nunca vou saber do amor do outro, da tristeza do outro eu nunca vou saber nada sobre o outro.
Ah! e não seria egoísmo demais denominar isso como amor e excluir todas outras possibilidades?que nome melhor eu daria para essa sensação que me sobe o corpo quando meu rapaz toca minha mão,ou então quando em um fim de semana ensolarado descanso levemente na poltrona do apartamento e de longe vejo meu cachorro me observar.
Pensei, o amor então seria a junção de todos os sentimentos.E os outros sentimentos seriam todos derivações dele.Pensei também que, se o amor é um sentimento tão puro e bonito, porque o meu não comove ninguém? Voltei a o ponto egoísta do meu ser.




Texto escrito há muito tempo.Engraço ler, e lembrar de como estava me sentindo no dia.

Agonia

Estou sem rumo há dias,e ando insistentemente tentando encontrar algo que se encaixe em mim. Ao entrar em casa e sentir os dedos cosando, prometi baixinho a mim mesma " esse não será mais um texto sobre ele".
Tudo anda confuso, preciso de atenções. Preciso que alguém generoso cuide de todas minhas feridas. E se esse alguém não aparecer? O medo de estar sozinha e ter que se curar por força própria me atormenta. Quem me pegará no colo?
E essa confusão, esse tufão em minha vida deve-se toda a trocas desnecessárias.Estou com tanta dificuldade de me expressar, será que me roubaram tudo?
Se faço todas essas perguntas é por que acredito que no fundo, alguém me chamará num canto e contará todas essas respostas e me colocará para dormir logo após.
Ah, e se todo esse texto pudesse ser resumido em alguma palavra seria: Carência. E como é difícil um ser humano orgulhoso como eu admitir isso. Ah, como quero e preciso de todos os abraços e carinhos do mundo,até sufocar.
Como é difícil chegar a esse estágio de sentir falta, de precisar da alma de alguém...como é difícil esse processo de abstinência. Só aprendo assim, doutrina do sofrimento.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Acho muito cansativo ser responsável por tudo, então eu desisto de tentar te fazer humano.
"Eu te amo – disse ela com ódio ao homem, cujo crime impunível que cometera era o de não querê-la".C.L


O sofrimento daquela garota me comoveu, fez-me pensar que mais que tudo, o amor deveria ser sempre recíproco.Não é.