terça-feira, 2 de agosto de 2016

Eu fico procurando as brechas nos tacos de madeira da sua casa


É tão per tubador não se encontrar mais. A gente fica igual rato doido. Procurando nos cantos, nas brechas um espacinho, mesmo que pequenino pra se encaixar. Mesmo que tenha que cortar os dedos dos pés pra caber, mesmo que tenha que cortar os impulsos. A gente se mata também.
Se mata quando não vai ou quando diz sim pra tudo. Se mata quando diz " fica aqui hoje, fica mais um pouquinho" e ele não te ama mais. Mata quando sabe da mãe preocupada, cheia de culpa; fala que não foi responsa dela sobre o errado que ta dando agora, fala que se não mata...
Sinto que fui baleada, já verifiquei mil vezes, abri meu próprio peito com a faca procurando onde foi a bala e nada. Mas quando ando sinto que atravessa um vento na minha alma. Falta carne, faz tanta falta as certezas. Quem tem certeza preenche essa vala. Não dorme com o rosto salgado e nunca, nunca duvida sobre o tempo ou o espaço; é que não me caibo nesse desenho desenhado quadrado. É que me falta.