quarta-feira, 8 de março de 2017

Quem sabe num caderno menor ou numa coisa pequena eu não me encontre escrevendo. E então num dia de sol - Porque eu sei que há de ser de sol - eu me ache com as mãos apoiadas a cabeça sentada no asfalto e diga: ERA ISSO! ERA ISSO! como se assim fingisse grande descoberta (bem rasa)
Porque o lugar alcançado não era difícil e ali no asfalto eu soube: O monstro era eu.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Eu fico procurando as brechas nos tacos de madeira da sua casa


É tão per tubador não se encontrar mais. A gente fica igual rato doido. Procurando nos cantos, nas brechas um espacinho, mesmo que pequenino pra se encaixar. Mesmo que tenha que cortar os dedos dos pés pra caber, mesmo que tenha que cortar os impulsos. A gente se mata também.
Se mata quando não vai ou quando diz sim pra tudo. Se mata quando diz " fica aqui hoje, fica mais um pouquinho" e ele não te ama mais. Mata quando sabe da mãe preocupada, cheia de culpa; fala que não foi responsa dela sobre o errado que ta dando agora, fala que se não mata...
Sinto que fui baleada, já verifiquei mil vezes, abri meu próprio peito com a faca procurando onde foi a bala e nada. Mas quando ando sinto que atravessa um vento na minha alma. Falta carne, faz tanta falta as certezas. Quem tem certeza preenche essa vala. Não dorme com o rosto salgado e nunca, nunca duvida sobre o tempo ou o espaço; é que não me caibo nesse desenho desenhado quadrado. É que me falta.
 

terça-feira, 15 de março de 2016

Tarde

 Ontem lembrei de você no meio o caos, mas isso não significa nada. Enquanto arrumava a casa coloquei Adriana Calcanhoto "elas cantam Roberto" e chorei. Patético tal como nosso amor juvenil. E no meio da poeira solucei lembrando que antigamente conseguíamos acreditar. Naquela época nunca poderia imaginar que você iria virar poeira, pessoa. Nunca mais tive coragem e ouvir Lou reed, imagino que você também não. Mesmo assim, aonde é que você se encontre desejo que siga bem, fica bem. Sei que fomos juntos um com outro.
"[...]sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. Nunca mais o vi, nunca nos escrevemos. não havia mesmo o que dizer. ou havia? ah, como não sei responder
as minhas próprias perguntas! é possível que, no fundo, sempre restem algumas
coisas para serem ditas. é possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar,a investigar — e principalmente a fingir. fingir que encontra."

C.F 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

E quanta coisa mudou. Quantos amores e cicatrizes. Um ano que parece 10. E assim, subitamente perco a vontade ( não sei mais escrever).

Foram meus dedos que enrijeceram? meu deus! como eu pude me deixar pra trás? Dai lembro, que levo sempre um caderninho abarrotado de desenhos feios e poemas feios pra ver se pelo menos por alguns minutos eu escapo daqui.

Nesse mundo culpado e corrido
São Paulo! Bem alto eu lhe aviso!
Quem ESCUTA
Amigo é



Nessa maré de incertezas
Não há quem resista, quem não endureça
Mas como é difícil ( com toda certeza)


Abandonar seu singelo caos...

Me misturo e confesso

Às vezes me entro ao 
Avesso
do
Avesso

Tentando sozinho respirar
Todo seu ar!
MEU ar de metrópole
que consegue
num só golpe me
de
rru
bar.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O confronto, a hora de virar adulto. Lá pelos meus 10 anos já sofria antecipadamente essa dor, a real é que a gente vira adulto desde muito cedo, pelo menos foi assim para mim. Crescer entre brigas, falta de dinheiro e informação faz com que a fruta tenda a se amadurecer mais depressa, e mais depressa apodrecer também. Eis-me aqui com 19 anos e uma enxurrada de dores e boletos de problemas parcelados. Eis-me aqui filha da ilusão, das dívidas e da esperança de que na vida ganha-se a vida.
Triste, quase metade do que eu era se foi, e olha, tinha muita coisa boa. Não me importo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Meu abandono


Me afasto, dou passos largos para um breu e quase ninguém me encontra. Isso porque faço esconderijo onde quero ser achada, onde se eu gritar que seja possível ouvir meus ecos. Mas não me acolho, não me acolhem, e se fazem acho pouco, penso que é resto; coisa que se dá à quem tem dó. 
Mas há dias que o que ainda resta de impulsivo em mim tenta se libertar. Dias sofridos, confesso. Como se eu lutasse  para negar uma essência que não é minha. Pois toda essa dureza, explosão, ventania e depois o silencio absoluto, nasceram das minhas crises. As voltas incessantes que eu dava pela casa, enquanto comia comia comia. As fugas. As risadas. A queda de meu cabelo, a falta de vida. A barra segurada. A gata sumida. As feridas - e são tantas. A ser a última na fileira. A escrever errado. Aos vômitos dados durante anos e anos. As pernas nunca boas. A esse esqueleto frágil. Isso é minha impulsividade. Isso não é essência. Por falta de Dramin em casa talvez.
E toda fuga nasce de um abandono. Todo meu abandono nasce de uma fuga.