quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Meu abandono


Me afasto, dou passos largos para um breu e quase ninguém me encontra. Isso porque faço esconderijo onde quero ser achada, onde se eu gritar que seja possível ouvir meus ecos. Mas não me acolho, não me acolhem, e se fazem acho pouco, penso que é resto; coisa que se dá à quem tem dó. 
Mas há dias que o que ainda resta de impulsivo em mim tenta se libertar. Dias sofridos, confesso. Como se eu lutasse  para negar uma essência que não é minha. Pois toda essa dureza, explosão, ventania e depois o silencio absoluto, nasceram das minhas crises. As voltas incessantes que eu dava pela casa, enquanto comia comia comia. As fugas. As risadas. A queda de meu cabelo, a falta de vida. A barra segurada. A gata sumida. As feridas - e são tantas. A ser a última na fileira. A escrever errado. Aos vômitos dados durante anos e anos. As pernas nunca boas. A esse esqueleto frágil. Isso é minha impulsividade. Isso não é essência. Por falta de Dramin em casa talvez.
E toda fuga nasce de um abandono. Todo meu abandono nasce de uma fuga. 

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