segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Medos

Fico muda e ninguém se mexe, desligo a tv e não ouço nada, mas quando fecho os olhos eles aparecem. Estupram minha boca e meus ouvidos, até que enfim estão dentro do meu corpo. Não há o que fazer. Eles quebram uma a uma as janelas da minha alma, arranham com os dentes a parede da casa da alegria. E zombam, como zombam dentro de mim.

Só quando o sol finalmente aparece e quando meu corpo esmigalhado anuncia o último suspiro, eles vão embora. Porém, noite ou outra algum deles acabam por ficar aqui dentro, e vivem em simbiose com meu corpo, vivem em parasitismo com meus órgãos e mente.
Temo que não haja mais escapatória, temo que meu corpo já esteja a ponto de ebulir. A cada invasão violenta torno-me ainda mais fraca, fazendo de mim um pedaço de carne sem luta. Pergunto-me - Por que eles? E por que não a morte?

Seria esse um sono triste, mas no entanto longe de todos esses medos que me assombram e que pouco a pouco corroem meu corpo.

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