terça-feira, 11 de setembro de 2012

Eterna


Sou um pouco suicida, um pouco auto mutilante, um pouco homem bomba. Um pouco porque não morro, mas o estado de espírito o qual eu me encontro agora é quase sinonimo da morte. Esse cansaço e a eterna corrida. Essas dores e a eterna disputa pelo melhor lugar. Esses livros, esses conhecimentos que só servem para embrutecer-me cada vez mais.
Talvez o urubu seja eu. Talvez a carniça seja eu. Talvez as vozes e os trilhos sejam eu também. Eu sou tudo isso que me destrói. Eu sei que eu mato-me, mas eu não sei fugir do meu âmago, eu não consigo sair de mim quando quero, quando preciso.
A bolsa anda pesada e a cabeça também, e concluo que meus textos só fazem sentido assim, quando me canso demais, quando a vida fora do papel e da caneta azul não faz sentido. E não ligo se escrevo bem ou não, ou se há concordância ou coerência. Esse é o único, com ênfase no único, local que não me cobram e eu não me cobro. Escrevo quando transborda, quando eu quero, quando me canso de respirar. Escrevo agora.
Como essa junção de palavras que antes eram letras e que antes eram traços e que antes eram nada pode ter tanto significado? São responsáveis por toda essa dor, serão responsáveis por uma alegria que virá. Elas deram meu nome, meu endereço e as vezes não significam nada. As vezes. Porque quando querem, me rebaixam, me humilham, me transformam em pó. Quando querem, me exaltam, me glorificam, e me tiram das cinzas. Mas hoje elas não querem.
Qualquer gesto que eu fizer hoje será triste ou impaciente. E qualquer tentativa de fuga a realidade, será em vão. Reconheço estar fadada a essa luta, a essa eterna não reciprocidade com a vida. Esse eterno dar e não receber, se importar e ficar ao desdém, amar e receber migalhas. Triste fim para quem apesar de tudo, não deitou no chão da sala esperando a morte. Triste fim para quem fez mas do que poderia, e nada do que realmente queria.
O problema, é que aqui em São Paulo, no Brasil, no mundo e dentro de mim não existe mais a fuga. A Alice esqueceu-se de mostrar o caminho, o Peter não veio me buscar, nem ninguém me acordou com um beijo.

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